A Apple ameaçou remover sua ferramenta de privacidade App Tracking Transparency (ATT) na Europa, uma medida que retiraria um recurso importante de proteção de dados de milhões de usuários do iPhone.

A empresa disse na quarta-feira que pode ser forçada a agir devido a crescente pressão dos reguladores alemães e italianos que investigam o recurso por práticas anticompetitivas.

Este aviso cai em meio a um desafio legal e regulatório para a Apple em todo o continente. Somente nas últimas 48 horas, um tribunal do Reino Unido decidiu que as taxas da App Store são “excessivas e injustas”, enquanto o regulador de mercado do Reino Unido designou a empresa com um novo status especial, abrindo caminho para regras mais rígidas em seu negócio móvel.

Apple ameaça retirar recurso importante de privacidade em meio ao escrutínio regulatório

Citando intensa pressão regulatória, a Apple publicamente alertou que pode ser forçada a desativar um dos recursos de privacidade exclusivos do iPhone para usuários europeus.

Em um comunicado, a empresa explicou que “os intensos esforços de lobby na Alemanha, Itália e outros países da Europa podem nos forçar a retirar esse recurso em detrimento dos consumidores europeus”.

A medida representaria uma escalada significativa em suas batalhas contínuas com as autoridades europeias e poderia remodelar o cenário para a privacidade do usuário e publicidade digital na região.

Para os usuários europeus do iPhone, um recurso importante de privacidade que lhes dá controle sobre seus dados está agora em perigo. Introduzido há cerca de cinco anos, o App Tracking Transparency exige que os desenvolvedores solicitem e recebam o consentimento explícito do usuário antes de rastrear suas atividades em aplicativos e sites de outras empresas.

Desde seu lançamento, a maioria dos usuários optou por não participar, uma decisão que perturbou significativamente a indústria multibilionária de publicidade móvel e atraiu duras críticas de empresas como a Meta.

A possível retirada do recurso pela Apple. decorre de investigações antitruste que questionam se a política é aplicada de forma justa. Reguladores e concorrentes argumentam que as regras criam condições desiguais.

Embora enquadre a mudança como uma possibilidade relutante, a Apple também afirmou seu compromisso com a ferramenta, afirmando: “Continuaremos a instar as autoridades relevantes na Alemanha, Itália e em toda a Europa para permitir que a Apple continue a fornecer esta importante ferramenta de privacidade aos nossos usuários.”

Uma guerra em várias frentes: alemã, italiana, e autoridades francesas investigam o ATT

O escrutínio regulatório não é isolado, mas representa um desafio coordenado em vários mercados europeus importantes.

Na Alemanha, o Federal Cartel Office (FCO) tem investigado o ATT, chegando a uma conclusão preliminar em fevereiro de 2025 de que o design da função poderia violar a lei da concorrência.

O escritório apontou especificamente que, embora Apesar dos requisitos aplicados a fornecedores de aplicativos terceirizados, eles não impediram a Apple de combinar dados da App Store, do ID Apple ou de dispositivos conectados para seus próprios fins publicitários.

Esta investigação alemã é apoiada por autoridade legal significativa. Uma decisão do FCO em março de 2023 designou a Apple como uma empresa de “importância suprema para a concorrência entre mercados”.

Essa decisão confere ao FCO maiores poderes para examinar e proibir condutas específicas, sendo o ATT o foco principal de sua investigação em andamento.

Enquanto isso, A autoridade de concorrência da Itália (AGCM) está conduzindo uma investigação paralela sobre o mesmo problema, com uma decisão final esperada para 31 de outubro de 2025.

A pressão não é apenas teórico; Os reguladores franceses já tomaram medidas decisivas. A Autoridade da Concorrência da França aplicou à Apple uma multa de 150 milhões de euros pela implementação do ATT em março de 2025, demonstrando que os vigilantes europeus estão dispostos a impor penalidades financeiras substanciais pelo que consideram uma aplicação injusta das regras de privacidade.

Repressão mais ampla: veredicto do Reino Unido e novos poderes aumentam os problemas europeus da Apple

Ocorrendo apenas um dia depois de uma derrota legal histórica em Londres, o alerta da Apple sobre o ATT chega a um ambiente já turbulento.

Um tribunal do Reino Unido decidiu na quinta-feira que A comissão de 30% da App Store da Apple é um “preço excessivo e injusto” que abusou de seu “poder de mercado quase absoluto”. O tribunal desmantelou as defesas legais da Apple, concluindo que suas práticas impediam ilegalmente a concorrência.

Essa decisão poderia levar a centenas de milhões de libras em danos devidos a 36 milhões de consumidores do Reino Unido.

No mesmo dia, a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido designou oficialmente a Apple com “Status de Mercado Estratégico” sob a nova Lei de Mercados Digitais, Concorrência e Consumidores (DMCC).

Esse status permite que o regulador imponha requisitos de conduta personalizados, como forçar a Apple a permitir mecanismos de navegador alternativos ou restringir suas regras antidirecionamento. Os grupos industriais já exigem uma acção rápida. 

Esses desafios fazem parte de um conflito mais amplo e fundamental entre a Apple e os reguladores europeus sobre o ecossistema fechado da empresa.

A Apple tem argumentado consistentemente que novas regras destinadas a abrir suas plataformas são perigosas para os usuários.

A empresa chegou ao ponto de exigir a revogação total do marco histórico da UE, a Lei de Mercados Digitais (DMA), que exige maior interoperabilidade e permite aplicativos alternativos. lojas.

Em resposta aos novos poderes do Reino Unido, um porta-voz da Apple emitiu um aviso familiar, afirmando que”…a adoção de regras no estilo da UE pelo Reino Unido deixaria os usuários com privacidade e segurança mais fracas, atraso no acesso a novos recursos e uma experiência fragmentada e menos contínua.”

Esta posição enquadra o debate como uma compensação direta entre os objetivos pró-concorrência dos reguladores e a privacidade e segurança promessas que a Apple faz aos seus utilizadores.

As autoridades europeias, no entanto, rejeitam categoricamente esta premissa. Bruxelas deixou claro que não vê nenhum conflito inerente entre promover a concorrência e manter elevados padrões de segurança.

Respondendo diretamente aos argumentos da Apple contra o DMA, o porta-voz de assuntos digitais da UE, Thomas Regnier, afirmou: “Nada no DMA exige que as empresas baixem os seus padrões de privacidade, os seus padrões de segurança”.

Este desacordo fundamental sobre privacidade, segurança e concorrência prepara o terreno para uma conflito prolongado que definirá o futuro dos mercados digitais na Europa e no resto do mundo.

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